quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020, um ano difícil para todos

    Não sei se o blog virou um espaço de retrospectivas dos meus anos, mas no momento é isso e tudo bem é um blog pessoal mesmo e eu gostaria de registrar momentos que passei e que talvez eu não me lembre no futuro. Acho que no papel ou na internet no final das contas as lembranças um dia serão esquecidas. Mas enquanto elas podem ser lembradas vou registrando quando eu sentir que devo registrar.

    2020 foi um ano muito complicado para o mundo inteiro. A pandemia do Covid-19, o corona vírus. A depressão geral em ter que se isolar em casa. Empregos perdidos, empresas fechadas. Preços altos e pouco dinheiro pra pagar. Muitas mortes por conta da pandemia. Esse ano foi realmente um caos. E eu no meio de tudo isso entrei numa crise interna, ansiedade, depressão, procurando a mim mesmo que de repente se perdeu. Eu realmente saturei do que estava fazendo até então e de repente nada mais fazia sentido a não ser buscar a mim mesmo, encontrar meu eu perdido.

    O ano começou comigo experimentando uma ferramenta nova. Eu queria produzir filmes, eu queria realizar as ideias, contar histórias. Mas com o desmonte da cultura por parte do governo, as oportunidades acabaram, a esperança parecia ter acabado. Alguém como eu, sem produtora, longe do centro, só podia pensar em produzir algo se pagasse do próprio bolso e isso eu não podia, não tinha recursos para isso. E também deixei de acreditar em uma produção voluntária, onde todos estão ali por amor. Por que uma produção audiovisual é muito cansativa e exige muito de você. E as ideias acabam mudando no caminho e a gente sempre se frustra com uma coisa ou outra. O audiovisual é vivo. Ele se molda até o corte final e dai parte pra outra vida. Mas até chegar ai ele tá em constante evolução e quando você está apenas por amor isso frustra. Então não queria envolver pessoas sem remuneração financeira e também não tinha como remunerar do meu bolso. Foi então que assistindo as lives de games eu percebi que o GTA RP era uma forma de se contar histórias. Mas claro, sem roteiro. As histórias iriam acontecer por elas mesmas. Como na vida real.

    Por coincidência ou pelo desejo do destino o GTA entrou em promoção e eu decidi comprar. Nunca fui um bom jogador de video game. Desde o mega drive eu sempre fui um jogador ruim. E me cansava de não conseguir passar de fase e ter medo dos monstros, dos chefões. Mas sempre gostei de assistir alguém jogando. Lembro de assistir minha cunhada jogando Mickey e meu sobrinho jogando Tomb Raider. Também lembro de uma época que meu cunhado chegou a fazer uma casa de jogos no quintal e eu ficava assistindo eles jogarem e torcendo pra vencerem e passar de fase. Então, resolvi tentar. Resolvi arriscar jogar GTA e em live. Meu objetivo era ir pro RP, mas antes tentei experimentar o jogo como ele era e fui descobrindo que eu precisava de outro aplicativo para poder entrar no RP.

    Enfim, vou detalhar minha experiência desde o inicio até mais depois. O que quero contar aqui é que eu iniciei o ano de 2020 descobrindo o mundo do RP e rapidamente eu fui acolhido por amigos. O Cleverton, meu primeiro amigo do RP. Logo depois a Letícia, o Gioo, o Lipe, o Bernardo. De repente a gente já tinha uma turma que vivia fazendo bagunça juntos e nos comunicávamos todos os dias via Discord. E nesse momento eu já estava vivendo histórias, mas curtas e simples.

    Foi quando em uma outra cidade, minha personagem conheceu um rapaz que iniciou uma história de amor e que me fez viver dentro dessa história por quase um mês. Ai sim, eu sentia que estava contando uma história. Mas era diferente de produzir.  Eu não tinha controle nenhum e outra coisa, eu estava envolvido demais dentro da história.

Nesse período, já em fevereiro, o trabalho continuava me estressar. Eu tinha que trabalhar entre 10h e 18h e era um período que eu contava as horas passarem, eu não queria fazer aquilo. Mesmo estando em casa, no meu quarto. Aquilo não me acrescentava e apenas estava pagando minhas contas. Mas quando dava por volta das 22h eu entrava no RP e dai tudo se apagava e era hora de viver aquela história da Juliana.

    Vou falar muito de RP nessa retrospectiva, por que foi realmente o que moldou meu ano e que depois quero detalhar a experiência de uma forma mais profunda. E continuando, no dia 16 de março o casal Yuri e Juliana se desfez. Os motivos reais não são claros até hoje, mas era o momento certo. Claro que eu sofri com o rompimento. Não só como espectador, mas também por ser a alma por trás da Juliana.

    Passam-se dois meses onde eu não consigo voltar ao RP e também fico sem rumo em o que fazer em relação a mim mesmo, fazer algo que me faça bem e seja recompensador. O projeto da Maria vai seguindo por rumos que eu não concordo e a produção do projeto passa ser algo difícil, um lugar onde eu também não queria está. Mas ainda acreditava que poderia se tornar legal, poderia até ser uma saída. Então continuo. O trabalho como forma de arrecadar dinheiro e o projeto como uma possível alternativa, mas nenhum dos dois apaixonantes e que me fizessem sentir que eu tinha voz ou pertencesse de verdade.

    Em maio eu consigo voltar ao RP. Começo aos poucos, retomando a sensação do inicio onde não conheço ninguém. Experimento algumas cidades e conheço a Synd. Depois de uma decepção em uma das cidades eu busco a Synd para conversar, pois quem faz RP consegue entender melhor as frustrações e decepções desse mundo de fantasia real. E ela me chamou pra ir conversar na cidade que ela estava, Long Beach. E foi muito bom, quem estava lá logo me acolheu e eu me senti muito bem.

    Os dias passaram e num momento sensível a Juliana conhece o Ernanes. Quem iria viver uma história com ela pelos próximos 7 meses. E depois eu vou contar essa história bonitinho. =)

    Quando a ordem de recolhimento aconteceu em meados de março muita coisa mudou. Eu havia iniciado um controle alimentar em 2019 como contei no post anterior e já pensava em começar academia em abril, mas com a pandemia isso ficou impossível e eu acabei perdendo o controle da dieta. No trabalho houve um desespero, pois os restaurantes foram obrigados a fechar e somente trabalhar com delivery. O planejamento não existiu mais, estávamos trabalhando por dia e o estresse só aumentou. No inicio de julho eu não aguentava mais. Eu já não conseguia criar, eu não conseguia entender os pedidos, eu não conseguia produzir. Eu comecei a me encolher dentro de mim mesmo e só querer ficar quieto e sem que ninguém falasse comigo. Eu desligava o celular por dias. Enfim, chegou uma hora que não dava mais. Eles precisavam de alguém comprometido e que vivesse o trabalho e eu não poderia oferecer isso naquele momento, aquilo estava me destruindo. Então encerramos o contrato.

    Eu entro no meu período de inferno astral. Long Beach anuncia o wipe. Eu estou extremamente sensível. Durante o encerramento da temporada da cidade é montado uma festa de reveillon e o Ernanes pede a Juliana em casamento. Era como eu imaginava que deveria ser aquele final de temporada e ele de certa forma me deu esse presente. Eu me emocionei demais e meu coração perdeu todas as defesas. Nos dias seguintes o Ernanes se aproximou e me acolheu.

    Mas quando a cidade voltou e eu finalmente consegui entrar sem crashar, nós tivemos uma discussão onde eu senti que ele me deixou de lado e ele também sentiu que eu deixei ele de lado e isso causou em mim uma crise de ansiedade que eu nunca tinha tido antes. Foi o gatilho pra eu cair num mundo obscuro.

As coisas ficaram muito estranhas e eu criei uma dependência emocional onde eu só ficava bem quando o Ernanes me dava atenção. E todo o tempo onde ele estava ausente eu sofria de ansiedade, vontade de chorar o tempo inteiro e sem vontade de fazer nada. Preferia ficar dormindo.

Minha amiga Eva havia indicado que o jogo ARK estava gratuito pela EPIC. E eu que sempre amei dinossauros e já havia gostado da gameplay do ARK quando assisti as streamers jogarem, logo quis ter o jogo. Mas acabou que tivemos poucas experiências jogando. Um dia fui retribuir a atenção de um viewer e quando entrei no canal dele ele estava jogando ARK. Eu sugeri de jogarmos juntos e logo de cara ele chamou pra se juntar a tribo dele. Aliás, ele estava num servidor e trocou de servidor pra inciar do zero comigo. Esse é o Hell. Ele foi muito simpático e acolhedor. Iniciamos uma temporada de ARK. Ele streamando no canal dele, eu no meu. E os dois na mesma tribo. Ficar no ARK me ajudava. Eu esquecia do RP, do que eu tava sentindo e me divertia com as piadas do Hell e com os dinossauros que eu tanto amo.

    Porém, quando acabava a live eu voltava pra solidão, pra ansiedade, pra depressão. Eu passei algumas noites em prantos e sem conseguir dormir de tanto chorar, então decidi que eu precisa procurar ajuda. Eu não ia conseguir sair disso sozinho. Foi então que pedi auxilio pra minha amiga Nicole e ela indicou uma psicóloga. Ela cobrou o mínimo possível e eu fui. Pensei: Até 20 sessões eu consigo pagar. Seria um investimento em mim mesmo e eu precisava. Foram 10 sessões. 1 por semana. No inicio ela não entendia nada quando eu falava do RP e depois eu sentia que ela me tirava do pensamento do RP pra buscar respostas em mim mesmo. Me ajudou. Eu precisava de alguém de fora, que não me conhecesse pra me ouvir, pra tentar entender. Mas também me ajudou sair de casa. Sair uma vez por semana, pegar a barca, ir até Santos e ver as pessoas mesmo que distante. Era como respirar. Isso tudo foi me acalmando. Até que as saídas começaram a me incomodar. Eu comecei a não querer sair e ir pra sessão virou uma obrigação que começou a me fazer mal e eu decidi parar.

    A ansiedade voltou, a depressão, a vontade de chorar o tempo todo. O sono, querer dormir e não acordar. O mundo dos sonhos era muito mais interessante do que ficar acordado. As lives de ARK com o Hell haviam acabado. O RP continuava estranho e o Ernanes distante. Eu apanhava pra editar as gravações da primeira fase do RP. Em uma madrugada de outubro eu decidi olhar na Twitch quem estava jogando ARK. Pensei, de repente tem alguém legal que aceite jogar comigo. Assim encontrei o Paulinho e em pouco tempo a Bianca e a Konan.

    Está na tribo do ARK me ajudou bastante. Também fui pesquisar sobre o universo do ARK e me apaixonei mais ainda pela história dos sobreviventes e possibilidades do jogo. Mas é um jogo dificil pra eu está sozinho. Está em tribo me ajuda muito, me da coragem. Cheguei a tentar iniciar algo solo. Mas não é a mesma coisa. Eu sei que a tribo não vai durar pra sempre e uma hora eu vou ter que me virar sem ninguém. Espero que quando esse dia chegar eu tenha coragem como a Mei-Yin =)

    Dia 20 de dezembro o casal Ernanes e Juliana chegou ao final. Era um final inevitável. Mas os momentos bons vão ficar e em breve vou conseguir editar essa história e eternizar ela o maior tempo que puder. Claro que pra mim emocionalmente foi muito triste e o que me ajudou e tem me ajudado é a turma do ARK. O Spolk que conheci em maio, mas só agora mantemos uma conversa. Meu coração precisou criar barreiras de proteção de novo por que eu estava muito aberto e vulnerável. Me sinto melhor agora.

E assim foi esse ano. Onde eu mergulhei demais no mundo virtual. Fugi do mundo real, dos amigos reais. Precisei me isolar não só por causa da pandemia, mas pra me encontrar. Não acho que me achei,  mas sinto que estou melhor. Mas um tanto vazio. Eu me enchi muito de emoções esse ano, mas sofri demais também com essas emoções. E agora estou vazio. Vamos ver até quando.

Não sei o que esperar de 2021. Quero ao menos conseguir editar as histórias do RP,  lançar no YouTube  e seguir em frente. Quero dissertar sobre minha experiência no RP e sei lá tentar entender algo sobre mim. Muitas pessoas passaram por mim durante esse tempo e muitas eu queria que tivessem juntas, mas as coisas não são como a gente gostaria. Só espero que todos estejam bem e que tenham o melhor que a vida pode oferecer. Por que muitas, sem saber, me ajudaram!

Feliz Ano Novo!

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